talvez com essas palavras tão emprestadas e gerais, de algum modo tosco e imaturo, meu coração deverasmente chora-deschorando, chora arrependido e humilhado, escondido, sem mais sequer dizer palavra própria. escusando-se a uma palavra tão estrangeira dele mesmo, que ao encontrar-se de fronte delas ele, assustado, sorri até, reconfortado por não ser responsabilidade de ele pensá-las e possa simplesmente cuspi-las - como a boca joga fora uma bala doce (ou seria azeda?)... mas depois se arrependesse de vê-la descartada, jogada como fosse sua palavra à exposição pública.
me reconforto pela autenticidade do sentimento, talvez. ou talvez me martirizo pelo desconcerto dessa coisa tão fora de mim e tão minha. pois no fundo sei que a dor brotara tão desarvorada que não me deixara clareza ou palavra pura, sendo mais real que muita dor que por aí anda vadia.
e num suspiro de renuncia, súplica, refúgio e desjuízo, me desprendo do meu orgulho, num jargão aborrecido - e nunca tão profundo:
"tenho saudades de mim."
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