essa lágrima clara
é a matéria dos sonhos desfeitos
é essa parede branca
a resvalar todo esquecimento
é essa lua branda
a expurgar todos os defeitos
é essa palavra fria
a lacerar todo sentimento
é essa pessoa fina
a vagar curso incerto
essa lágrima amarga - e clara
como pesadelo mais vivo
que suavemente apaga o sorriso
e docemente dança no meu rosto
retrata tudo que é imperfeito
essa gota de esclarecimento
e é o bem mais sólido que tenho
nesse paço imenso, nessa vida e devaneio
essa lágrima clara, em suma,
sou eu revelado e inteiro
dobrado sob um peso imenso
de um sonho, uma gota, um espelho
-----
a lágrima
é enfim isso que ensina
o fim e a sina
canto pra falar do nada
pra dizer tudo
em coisa alguma.
pontos de luz na treva
ou pontos de treva na luz?
porto pras minhas palavras
singelamente plurais e (im)puras.
quinta-feira, 13 de setembro de 2007
domingo, 9 de setembro de 2007
cala calamidades
perdão pela dura palavra
que você não disse.
desculpa essa pressa,
que torna tudo tão curto.
me absolve esse devaneio
louco que nunca quis te revelar
e esses traços na parede
que não te deixei riscar.
não me julga pela pedra
que eu joguei pro ar
e caiu nas suas costas
pra tu sozinho carregar.
lamento tantas horas que engoli
no tédio insuportável de te esperar
- afinal, como esperar por ti
que sempre carreguei no meu olhar?
lembro dessa falta de sentido
que nunca permiti
e essa tanta desmesura
que sempre infligi.
olha esse poder grande
que eu sempre tive:
de calar o universo
daquilo que eu nunca proferi.
perdoa, minh'alma,
essa minha tão tola criatura
que no defeito te reflete
impura
nesse mundo avesso
do outro lado do espelho
em que o silêncio te espanta
e me mata.
------
*foi, sei, tola a tentativa
tentar te calar pra suprimir a dor.
tudo fica pior quando não te digo
sussurrando no ouvido
tudo isso quanto for
misto de calor e frio
a vagar no meu mundo
no meu corpo à fora.
que você não disse.
desculpa essa pressa,
que torna tudo tão curto.
me absolve esse devaneio
louco que nunca quis te revelar
e esses traços na parede
que não te deixei riscar.
não me julga pela pedra
que eu joguei pro ar
e caiu nas suas costas
pra tu sozinho carregar.
lamento tantas horas que engoli
no tédio insuportável de te esperar
- afinal, como esperar por ti
que sempre carreguei no meu olhar?
lembro dessa falta de sentido
que nunca permiti
e essa tanta desmesura
que sempre infligi.
olha esse poder grande
que eu sempre tive:
de calar o universo
daquilo que eu nunca proferi.
perdoa, minh'alma,
essa minha tão tola criatura
que no defeito te reflete
impura
nesse mundo avesso
do outro lado do espelho
em que o silêncio te espanta
e me mata.
------
*foi, sei, tola a tentativa
tentar te calar pra suprimir a dor.
tudo fica pior quando não te digo
sussurrando no ouvido
tudo isso quanto for
misto de calor e frio
a vagar no meu mundo
no meu corpo à fora.
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