a poesia está morta
não ressurge, nem salva
está só e desgastada
no relento da relva.
foi
encoberta e sangrada
pelos degraus da escada do progresso.
regresso
e minha casa já não é
casa
não é linha
nem verso.
canto pra falar do nada
pra dizer tudo
em coisa alguma.
pontos de luz na treva
ou pontos de treva na luz?
porto pras minhas palavras
singelamente plurais e (im)puras.
domingo, 31 de agosto de 2008
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
espectacula
se quiser ver
minha alma, vê
agora! - e somente agora
ela está sincera.
e franca e fraca.
e na fraqueza, está bela.
então, olha!
como ela se despedaça
suavemente em olor de laranjeira
nessa brisa breve, em cor carmim.
vê que ela sublima, não anda.
evapora, não mais espera
se esvai pelos meus olhos,
a mim podre me abandona.
agora! - e somente agora
ela está sincera.
e franca e fraca.
e na fraqueza, está bela.
então, olha!
como ela se despedaça
suavemente em olor de laranjeira
nessa brisa breve, em cor carmim.
vê que ela sublima, não anda.
evapora, não mais espera
se esvai pelos meus olhos,
a mim podre me abandona.
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
carta n°8 [mocinho e bandido]
- meus heróis não são feitos de carne. há neles um tanto de sonho e destreza. e muito mais que força, há vontade. e além de tudo, existe uma tendência homicida, que reside branda, como que adormecida, em cada um deles.
gloreamos a seu desejo de sangue, de brutalidade, da sua monstruosidade redentora, que nos permite ir mais além do que nós mesmos, retrocedendo-nos, ao desejável nível de animais, e ao desejado posto de predadores indomáveis.
pobres e miseráveis mortais que somos, botamos um sonho pra lutar, violentar, massacrar, e engolimos toda a repugnância de nossa vida regrada, tediosa, previsível, mesquinha, humana.
só eles, os heróis, podem levar a glória de um assassinato, de uma vingança, de uma justiça, de um amor, de um sexo. afinal, eles é que batem, correm, vigiam, perdoam, esmigalham e fodem como ninguém. (e já aparecem com mocinha diferente no episódio seguinte... despedidas sem grande serimônia, nem flores, nem desculpas).
nossos hérois criminosos, hediondos e ridículamente exagerados. que não habitam o cume da imaginação humana, mas apenas o monte sagrado de seu desespero, guardado a sete torpes chaves de moral.
- nossa! porque tão aflito?
- sei lá... acho nunca vi ninguém chorando no funeral do bandido.
----
porque o meu herói tá lá é pra meter porrada mesmo!!! hahahaha
gloreamos a seu desejo de sangue, de brutalidade, da sua monstruosidade redentora, que nos permite ir mais além do que nós mesmos, retrocedendo-nos, ao desejável nível de animais, e ao desejado posto de predadores indomáveis.
pobres e miseráveis mortais que somos, botamos um sonho pra lutar, violentar, massacrar, e engolimos toda a repugnância de nossa vida regrada, tediosa, previsível, mesquinha, humana.
só eles, os heróis, podem levar a glória de um assassinato, de uma vingança, de uma justiça, de um amor, de um sexo. afinal, eles é que batem, correm, vigiam, perdoam, esmigalham e fodem como ninguém. (e já aparecem com mocinha diferente no episódio seguinte... despedidas sem grande serimônia, nem flores, nem desculpas).
nossos hérois criminosos, hediondos e ridículamente exagerados. que não habitam o cume da imaginação humana, mas apenas o monte sagrado de seu desespero, guardado a sete torpes chaves de moral.
- nossa! porque tão aflito?
- sei lá... acho nunca vi ninguém chorando no funeral do bandido.
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porque o meu herói tá lá é pra meter porrada mesmo!!! hahahaha
fatabilidades
se não choras é por ser triste
se não ris é por bobagem
se estas firme, há de cair
se estas morto, és passagem
se te alegras é por engano
se te sobra, é a fotaleza
se te falta, é mais leveza
se enalteces, és abandono
se há ruptura, és covarde
se meio dia, és alarde
se plenilúnio, és quimera
se partistes, assim quisera.
se não ris é por bobagem
se estas firme, há de cair
se estas morto, és passagem
se te alegras é por engano
se te sobra, é a fotaleza
se te falta, é mais leveza
se enalteces, és abandono
se há ruptura, és covarde
se meio dia, és alarde
se plenilúnio, és quimera
se partistes, assim quisera.
a visão à beira do infinito
meus olhos, enfim, estão secos.
como o concreto firme
sob os rígidos andaimes.
já não há rios nesses olhos
nem poeira, nem estrada,
nem salvação, nem caos.
e parecem ver estáticos
estrelas pontiagudas
que nunca sessam de brilhar.
nunca, nunca, nunca...
os meus olhos eternos
já estão cansados
de ver o mundo acabar.
___
imagem: http://img5.travelblog.org/Photos/47789/224722/t/1741246-The-Eyes-Won-t-Leave-Me-1.jpg
como o concreto firme
sob os rígidos andaimes.
já não há rios nesses olhos
nem poeira, nem estrada,
nem salvação, nem caos.
e parecem ver estáticos
estrelas pontiagudas
que nunca sessam de brilhar.
nunca, nunca, nunca...
os meus olhos eternos
já estão cansados
de ver o mundo acabar.
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imagem: http://img5.travelblog.org/Photos/47789/224722/t/1741246-The-Eyes-Won-t-Leave-Me-1.jpg
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