perdão pela dura palavra
que você não disse.
desculpa essa pressa,
que torna tudo tão curto.
me absolve esse devaneio
louco que nunca quis te revelar
e esses traços na parede
que não te deixei riscar.
não me julga pela pedra
que eu joguei pro ar
e caiu nas suas costas
pra tu sozinho carregar.
lamento tantas horas que engoli
no tédio insuportável de te esperar
- afinal, como esperar por ti
que sempre carreguei no meu olhar?
lembro dessa falta de sentido
que nunca permiti
e essa tanta desmesura
que sempre infligi.
olha esse poder grande
que eu sempre tive:
de calar o universo
daquilo que eu nunca proferi.
perdoa, minh'alma,
essa minha tão tola criatura
que no defeito te reflete
impura
nesse mundo avesso
do outro lado do espelho
em que o silêncio te espanta
e me mata.
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*foi, sei, tola a tentativa
tentar te calar pra suprimir a dor.
tudo fica pior quando não te digo
sussurrando no ouvido
tudo isso quanto for
misto de calor e frio
a vagar no meu mundo
no meu corpo à fora.
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