segunda-feira, 7 de agosto de 2006

Noite sem nuvens

parei do nada pro nada
pra talvez, não sei,
olhar calado as estrelas.

do alto olhavam...
do alto piscavam...
do alto esperavam
uma nuvem macia pra deitar
ou olhos calados pra escutar.

brilhavam.
e o brilho era o grito agudo
lançado ao relento.
esperando que um vento
levasse o brilho pro vulto negro
dos olhos, no outro canto do universo.

e o grito versava em branco.
e o grito chamava as coisas pelo nome.
as coisas, surdas dos olhos,
não sabiam escutar
o rumor morno por trás do grito.

o brilho que emanava daqueles olhos
era a mais pura lágrima do cosmo
a profetizar o coração vazio
que jazia inerte sob um peito frio.

e o grito, de morno, ardeu.
furou, feriu, rasgou os olhos
que calados, arderam leves de sonhos
a chorar os versos que viajam
espaço e espírito à fora.

a estrela, de cansada, calou.
o poeta, de dor, se perdeu.

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