sábado, 21 de janeiro de 2012

Porto

nevoeiro que corta, lambuza e beija
a doce e calma foz do rio Douro
- que obediente à terra lusitana
no ocaso sangra esse fado vaporoso -

lança no horizonte o largo abraço
aos colos que a lembrança tanto almeja.
navega, oh bruma, os sonhos outros
para eles que minha alma nunca deixa.

se escondes a aurora e a verdade
entre as mãos alvas e airadas,
alarga, ao menos, o desejo e a vontade:

dê força e cais, que após as idas,
quem parte a matar saudades,
saudades mais leva da cidade.

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poema pra cidade que também foi minha por um tempo.

Um comentário:

Lethycia Dias disse...

Seu poema me fez pensar em quando me mudei de cidade. Imagine... Nasci em morei 14 em Brasília, e depois vim pra Goiânia. Tenho um poema que representa toda a minha saudade, chama-se Alimento. Achei seu blog por acaso, estou dando uma olhada em seus escritos, e gostando. Você consegue fazer uma coisa que eu gosto: dizer tudo, e ao mesmo tempo nada. Você coloca no poema tudo o que está pensando, mas quem lê só entende se você der uma dica...