quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

pegadas

pra que voltar da jornada
de felicidade?
por que voltar
de qualquer parte?
pra que desfazer o sorriso?

na verdade,
talvez não seja
a tal felicidade
o que eu preciso...

o horizonte, parece,
sempre enseja
no peito indeciso
um pouco mais de agonia.

quão vasta a jornada...
quanta treva nos caminhos...
pés palmilham estradas
nunca encontram ninho.

o horizonte que procuro
meus pés nunca hão de tocá-lo.
ele há de morrer no sonho
e na vontade...
no escuro.

cada palmo desse mundo
me leva a um muro
- beco sem saída.

caminhar, pra que isso?
os passos, parecem,
nunca dão em nada!

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*busca não tem fim
(diferente da alegria).
quem tem fim
é o viajante
que acaba em ossada
jogada no esquecimento,
sem pés,
nem letargia,
nem poesia.
só o pó da longa estrada
- nela ele se eleva
de senhor a hóspede
de eterna morada.

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