canto pra falar do nada
pra dizer tudo
em coisa alguma.
pontos de luz na treva
ou pontos de treva na luz?
porto pras minhas palavras
singelamente plurais e (im)puras.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
talvezes
preconizando um fim de ano
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
feitiçaria
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
amante
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
rotina da cama

terça-feira, 12 de outubro de 2010
vícios
vida despercebida
terça-feira, 5 de outubro de 2010
carta para um amor distraído
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
fortes
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
cosmologia
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
após incontáveis funerais
segunda-feira, 28 de junho de 2010
passada a poesia - ou depois do devaneio dessa vida
domingo, 16 de maio de 2010
indefinívivel
sexta-feira, 16 de abril de 2010
quarta-feira, 7 de abril de 2010
saudade
foi uma coisa que veio batendo na minha janela dia desses. uma janela que só me deixa olhar admirado, sem me deixar passar, para a mais nostálgica paisagem: a praia de camburi.
pedaços macios de infância foram enterrados na areia com o cuidado de quem esconde um tesouro, e, anos depois, resgata as poucas moedas que restaram pelo chão (onde não mais existem conchinhas ou siris).
mas memória não se troca, nem se pode escolher por esquecê-la. memória é esse óleo que sai de mim para a minha pele: aparente, visceral, persistente, às vezes até irritante.
memória que não me deixa ser quem eu não sou. que me prende ao destino de ser eu, com correntes que se estendem ao passado. memória que me fere e fortalece, com lágrimas risonhas, fotos desbotadas, vozes distorcidas, mas rostos firmes, rigorosamente pintados e impressos no meu próprio rosto, na minha alma.
rostos que, partes de mim, jamais esquecerei.
terça-feira, 6 de abril de 2010
inexorável
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
pequena - ou amor
que a pena dança
pequena essa chama
que queima consome cansa
gama essa pele na minha
que a dança à mingua dana
até virar, pequena, ciranda
que até meu olho fascina
cala essa boca na minha, pequena,
que espera a cama
nem deixa a lingua sozinha
na nota conforme canta
como essa chama acalma, pequena,
a alma pequena e mansa
deixa sua chama na minha
pra ver quem é que ama.
a pequena chama chama pequena.
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
profecias de carne e poesia
de quando em quando surge uma manhã em meus olhos. por entre as sombras das flores que nas árvores do jardim suspiram primavera, o sol beija teu rosto com ouro fino. a brisa rasteja pelos leves lençóis de algodão, faz dançar de suave, numa embriagada e tardia balada, os teus cabelos negros. quem sabe quantos pássaros flutuam travessos no céu azul?
suspira despedindo de um sonho bom, ainda com os olhos fechados. há uma certa sinfonia discreta no teu despertar. por entre a janela semi-aberta, nem os vultos minúsculos do que ainda será labuta, descanso e prazer cotidianos conseguem adivinhar os teus seios, de onde brota um ritmo manso, de um coração que brinca de tocar tambor e bandolim, em plenas 8 da manhã, como criança da praça: regendo constelações e pedindo esmolas.
levanto, dou-lhe um beijo e abro a porta, como quem sai do sonho, como quem foge, como quem abandona.
que a colombina me espere até o próximo carnaval.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
salma
as pernas e as penas soberanas,
querendo olhos e escamas.
coração contravenção só
entre um paradigma e o outro.
nas entrelinhas do tempo - ou refeição de gigantes
tem passado como?
"como" tem passado?
comido? comida?
como indigesto, passo?
como pasto? asno?anos?
como como quem come passado?
tem passado? como?
como teu passado - à la Cronos.
ausências próximas
algumas o são, e mais:
suaves metais.
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para c. de cássia