sexta-feira, 25 de maio de 2007

brevidades

eis aqui meu corpo fraco
e a minha vontade de vidro.
nunca sei se fico inteiro
nesse fio de voz fina,
que se espelha no espaço.

eis o meu sussurro itinerante
que sempre se perde no instante
e no tempo transita mágoas,
poemas e alegrias pálidos.

jaz aqui meu sopro ausente
que some tarde da noite,
no meio do dia,
entre o desespero
e o esquecimento.

está aqui o que eu era,
o que sempre erra na vida
e no sonho prospera
- esse sonho que finda.

eis-me em chamas consumido.
da memória do mundo, perdido.
inevitavelmente, eis que daqui me parto
ainda que, deveras, nunca tenha chegado.

terça-feira, 22 de maio de 2007

irracional e irresoluto

é a constatação mais insana e mais exata: estou morrendo, deveras, no mais profundo exame desse errado momento. dói-me o peito, de cheio, e a mente, de vazia. o peito cheio de mágoa e angústia que carrega contra essa vida minha, miserável que é; e a cabeça vazia, não mais meditante ou significante, tão pura e sordidamente rota, esfacelada e corrompida em desencontro.
tenho asco. tenho sede. tenho saudade. tenho medo.
não tenho força (e, sim, como me dói constatá-lo, sou fraco e patético).
não me tenho, não mais, pelo menos.
a chama que antes me aquecia cálida, está bruxuleante, como em vendaval mortífero: a chama balança louca desvairada e insana, quer sumir.
a razão, que já perdi há tempos, dela me esqueci...
...

não tem mais nada que vale a pena dizer, por enquanto dure essa merda de nó na garganta da alma podre.
no mais tenho vontades, nada mais.


*desesperadamente deprimido e inquieto.