sexta-feira, 3 de julho de 2009

quitutes

existem mil línguas entrelaçadas à minha
suas salivas quentes me saciam, me entorpecem
me enchem de um gozo pleno, sem cautela.

línguas outras que me falam o que eu digo
antes de eu pesar as idéias pensadas.

repouso na língua de outrem, me cubro
e descubro com seu hálito quente.
e é confortável, até quando me engolem.

sou parte num todo, estou digesto
e me alimento até de mim mesmo, se preciso.
e me sacio, como se fosse isso possível.
e acabo, como doce em boca de criança gulosa.

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e você pensa que não se alimenta de mim a cada palavra lida?

quinta-feira, 2 de julho de 2009

do ímpeto n°2

escrever qualquer soneto
que em si não terá nem lágrimas
nem gozo alheio nem rimas
algum que seja obsoleto

nenhuma linha no tempo
a rebeldia confusa
uma liberdade obtusa
que supere esse lamento

eu não sei ainda fazê-lo
não serei eu o autor
entre outros a mim será o elo

nisso nem haverá dor
nem será assim puro o poema
noutro papel será edema

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*há liber-dade e gosto até no despropósito.

do ímpeto

e então o mundo está por trás
do mundo, por trás das re
gras, das n
ossas leis apaga
das, enraizadas, enrai
ve(n)cidas,
loucas.

o mundo, por pouco
-que um pouquinho só-, es
tá entre
laçado,
agonizante,

nas noss
as v
ontade
s.

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*comorespostaaumamigo