quinta-feira, 19 de novembro de 2009

galacta

esse espaço, e sua ciranda de estrelas
alimentam no homem o próximo passo:
querendo ser forte, de aço,
se vê minúsculo, opaco, de cera.

e nada lhe resta mais que a cadeira
de madeira polida e educada
para contar constelações, na sacada,
dessas musas luminosas e alheias.

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como consolação, Deus deixa o homem
após eras de agonia e deserção de um Éden infinito
virar luz e poeira à beira de um rio.

fluxo de pensamentos inomináveis

o mundo passeia no universo como criança a brincar
anda abaixado entre o silêncio e o luar
que dilúvios infinitos comanda, como a chorar
nunca dissolvendo a melancólica nota do passar
do tempo que te faz cada ano mais leve que o ar

que nada te permite ter, que nada lhe permite sonhar
que chora à noite, como recém-nascido, querendo mamar
faz levantar da cama, faz querer se suportar
até essa noite, pequenina, faz um leito pra deitar
e voar e sumir e morrer e voltar ao início, um lugar

que não existe nem tem o exaltar daquele brilho
que pensavas ter, que pensavas achar, que nada é.

ainda restará na curva estranha do horizonte
uma folha de orvalho que se assemelhe
ao triste acabar da madrugada, perenemente
absorta em acabar-se na alvorada?