sexta-feira, 16 de novembro de 2007

da penumbra


a madrugada rufa em tambores
silenciosamente alçados nas montanhas.
algo há de irromper no horizonte.
algo que não aquece, não conduz
como a luz que se havia de antanho.

as estrelas estremecem e a terra desaba.
quê corre no céu com tamanho fulgor e volúpia?
há um toque de desejo desavisado
que fere o sangue e torpe se insinua.
a lua branca há de romper aurora?

não é a lua. mas como brilha essa tua hora?
será que se lançou na meia-noite?
perdeu o príncipe, o sapato, a cabeça?
perdeu o senso e o sono no tempo
onde jazem as flores do campo?

a noite é inteira taverna e manjedoura.
cativando penumbras ardentes de sonho
e impudentes de injúrias, na alcova.

um cisco risca o teto medonho e escuro.
pontua uma claridade distante e some...
a passo largo, leva embora o acaso e a esperança.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

mutuo

sonho, não me chame agora!
é, pois, a hora morta de viver
tocar a chama do mundo
morder a carne da verdade crua.

tempo, não me prende agora!
e alonga também um pouco essa tarde
que se despede calidamente
no azul enegrecido do horizonte.

amor, sentindo toda tua pele nua
arrepiada de segredos sujos
toco seu desejo com zelo impensado
e calo o pudor que em tua alma ardia.

hoje sou aquilo enquanto chuva, fogo, pedra,
tempestade que se perde e alastra
devastando as juras mais imprudentes
e até mesmo, aquelas outras, as mais puras.

solubilidades

n uma clar
idade
indis
tinta nessa tarde ma
cia,
luza mare
lada d
o tempo con
some
até o po
nto
a
final

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

do que se transforma

ficou tudo um pouco no ar
as pernas, os suspiros, o sexo.
tudo solto e desenfreado,
tão natural como o caos.

nunca se guarda uma certeza
por menor que seja
que uma leve brisa de aprazo
não despele e cauterize,
como ferida e cura.

o mundo, pode ser que
com um pequeno pensamento
catalise.

e se (te) transforme
invariavelmente,
numa alucinação
luminosa.