segunda-feira, 9 de junho de 2008

carta n°6 [da solubilidade do ser]

são tantas as vozes destoantes que já não sei qual é a minha.tantos olhares curiosos, e tantas máscaras já usei, que não me lembro do meu rosto.tantos caminhos, que perdi meus pés.tantas melodias que já me esqueci as letras.tantas as tardes que me esqueci das horas.tantos sonhos que eu perdi o senso.e tantos danos que já perdi o sono.
tantas quantas coisas, letras, pessoas, momentos, palavras, pernas, desejos, noites e dias, poemas, folhas, anúncios, covas, passos, teorias, mentiras, beijos, filmes, discos e fotos e fatos e viagens e chegadas e partidas e perdas e ganhos e sons e núvens e rios e tanto mar que já me dissolvi tanto e tão completamente
que mil vezes eu ganhei
e me perdi.

Nenhum comentário: