deixei-me acreditar
que era nulo, vago e morto
julguei-me errado,
julguei-me roto.
mas minhas pernas erguidas
minhas penas sofridas
arrancaram-me, elevaram-me
com mais força que pedra firme.
sou mais sólido que o vento
e quando eu tento
posso até ser mais que penso
mesmo que um pouco tenso.
de agora em diante, não mais remorso
sei que agora tudo posso,
que tudo traço e destroço:
eis meu sorriso no rosto.
resguardarei minhas intenções
arquitetarei revoluções
e dos meus medos superados
erguerei fortaleza e treva armados.
serei negro e branco e transparente
nunca d'antes tão presente
nunca antes tão como eu
jurei e juro ser meu
inteiro no erro desnecessário
completo no gozo herege
e na nudez pura que me rege - até a hora da morte,
achar em mim o abrigo provisório.
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