quarta-feira, 7 de abril de 2010

saudade

foi uma coisa que veio batendo na minha janela dia desses. uma janela que só me deixa olhar admirado, sem me deixar passar, para a mais nostálgica paisagem: a praia de camburi.

pedaços macios de infância foram enterrados na areia com o cuidado de quem esconde um tesouro, e, anos depois, resgata as poucas moedas que restaram pelo chão (onde não mais existem conchinhas ou siris).

eita coisa que me atormenta: trocar o "garoto" por "uai", mar por serra, brisa por neblina, areia por minério. nem todas as escolhas são feitas, algumas simplesmente acontecem - será isso o acaso, ou Deus,ou a sina?

mas memória não se troca, nem se pode escolher por esquecê-la. memória é esse óleo que sai de mim para a minha pele: aparente, visceral, persistente, às vezes até irritante.

memória que não me deixa ser quem eu não sou. que me prende ao destino de ser eu, com correntes que se estendem ao passado. memória que me fere e fortalece, com lágrimas risonhas, fotos desbotadas, vozes distorcidas, mas rostos firmes, rigorosamente pintados e impressos no meu próprio rosto, na minha alma.

rostos que, partes de mim, jamais esquecerei.

Um comentário:

Pequena Poetiza disse...

memória que nos constitui como pessoas marcadas pra viver e lembrar sempre...
então deixemos essas nsotalgias nos invadir e não esquecer jamais de onde viemos
principalmente se são formas e jeitos que nos fortalece.
não troque tuas jóias jamais.

gostei daqui
beijos