segunda-feira, 30 de agosto de 2010

eu me propus certa vez deixar as coisas fluírem. foi como pedir que um rio se apressasse, como avisá-lo de que era um rio. nada acontece quando se propõe à natureza que ela se obedeça.
as coisas fluíram, sim, por outros terrenos, com várzeas novas, onde a água não era tinta.
me apaixono cada dia mais pelos sons, que me tocam, sem que eu peça que eles o façam. pelo gesto sobre o qual não tenho domínio. pelo horizonte que me sugere sonhos além de sua linha indefinível, não geográfica.
algo acontece que me muda e me emudece, na verdade. é algo que não se anunciou para mim, não propôs nada, nada espera de mim. é algo que, nessa autoridade do que simplesmente acontece, toma conta de mim nessa tarde que já dura vários meses. algo que me diz para me calar, para me vazar, para acabar comigo, para eu nascer de novo.
como uma pluma essa tarde me abraça, e fala: "chora, meu filho."

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