sábado, 17 de março de 2007

como se fosse de verdade


toda vez que encosto na pena sinto um calafrio, como pressentindo uma desgraça, ou coisa assim.

é como se já soubesse que cada palavra (e cada espaço em branco) já não têm sentido algum... não me levará a nada, não transmutará em esperança essa perda toda que tenho ainda por sentir nos ossos e nos lábios.

há um quê de podridão no sentimento, como que sempre e mais desgastado.

...

acho que não me encontro por pura idiotice... ou bom senso.
nunca se sabe o que o espelho realmente diz às nossas almas, sussurrando nos olhos verdades escondidas.
provável é que eu sempre suspirarei a pergunta, nas horas fugidias da escuridão, embaçando ainda mais as vidraças da janela:

quem sou eu, além do desespero dessa face?
e eis que sucumbirei novamente, a me derramar pelo chão, como poeira incômoda que o tempo não leva embora, até perder de vez a vista da paisagem, que placidamente observa, indiferente na verdade, minha tão frustrada egogonia...
que fizeram os homens para sentirem tremendo pesar?
conquanto fosse água, essa vazia coisa que passa e muda como bem entende, tudo seria diferente.



*foto http://membres.lycos.fr/cinephilia/hamlet/hamlet2.html

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