sexta-feira, 16 de novembro de 2007

da penumbra


a madrugada rufa em tambores
silenciosamente alçados nas montanhas.
algo há de irromper no horizonte.
algo que não aquece, não conduz
como a luz que se havia de antanho.

as estrelas estremecem e a terra desaba.
quê corre no céu com tamanho fulgor e volúpia?
há um toque de desejo desavisado
que fere o sangue e torpe se insinua.
a lua branca há de romper aurora?

não é a lua. mas como brilha essa tua hora?
será que se lançou na meia-noite?
perdeu o príncipe, o sapato, a cabeça?
perdeu o senso e o sono no tempo
onde jazem as flores do campo?

a noite é inteira taverna e manjedoura.
cativando penumbras ardentes de sonho
e impudentes de injúrias, na alcova.

um cisco risca o teto medonho e escuro.
pontua uma claridade distante e some...
a passo largo, leva embora o acaso e a esperança.

Um comentário:

Anônimo disse...

muito boa sua poesia....