domingo, 7 de junho de 2009

SETE DE JUNHO


deixa a ferida aberta, perdida.
deixa a manhã correr partida
e todas as flores no mar, recaídas,
são todas as dores a mais, esquecidas.

deixa pra trás as palavras frustrantes!
arranquem os amores, melhores amantes!
deixa apagar essa chama ferina
e a todo o mal pelo ar repugna.

deixa decepar a paz pequenina,
que toda mudez se impõe repentina
no palco, no altar, no paço sombrio
- fazendo d'alegria o mais tenso arrepio.

deixa o sangue correr furioso!
deixa a lâmina lamber, assassina,
derramar o raiar, pôr-do-sol glorioso,
apagar essa marca do horror que fascina.

retoma em passo que então se aproxima
a escuridão que ilumina o cruel labirinto
desse homem nu, morto, faminto
que do fim, só do fim, se aproxima.

Um comentário:

R. Avancini disse...

uow... shocked.