segunda-feira, 3 de agosto de 2009

do rosto irrefletido #1

juro guerras afogando dores
em cores tais que descoram
como sangue seco nas flores
que o alto de berços decoram

tenho coragem para refletir
em minha efígie esse alvoroço
e no resto do que sou, no dorso,
carregar a letra que me ferir

amaldiçôo as noites que escuras
predizerem minhas torturas,
os sinos e as linhas proféticos
que dispersarem no vento o meu eco,

melodias que finjam meus amores,
ritmos que desafiem meu maiores erros,
esses verbos poucos que me ditam
na veia os pulsares que me limitam.

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esses sons desiguais se enlaçam
como lâminas finas, fluidos corrosivos
e desembocam intranqüilos, agudos
no espírito dos que os perfaçam.

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*porque nessa sina parece que falta hemoglobina e sobra verniz e resina.

2 comentários:

R. Avancini disse...

me vi no espelho: [ir]reflexível.
E nessa comédia de me faz-e-desfaz fiquei assim: um pedaço de reflexo invisível no espelho, que todo dia escreve, mesmo que com batom antigo, um pedido de ajuda praum que passe e olhe com algum descaso.

bacana isso que cê fez, rapaz. até me alfinetou.

Mutante disse...

Pulsa o ilimitado, pois o que lateja é desejo, o resto sim, não é o quente da vida, é festa com estranhos, puro verniz, vernissage.