quinta-feira, 24 de março de 2011

branco

no ventre do sertão pernambucano,
de cambraia empoeirada como vestes,
a mãe da sofredora das pestes
reza à morte que seja benfazeja.

criatura imunda, a criança,
já de decompõe no colo maternal
sedenta, a rasgar-lhes as mamas
com a gengiva, à procura de leite.

a mãe se contorce, sofre calada,
miséria muita a sua, a seca
pecado seu, aquela vida nova e pouca.

como o couro das vacas, cravejado
só por abutres, ao eterno meio-dia,
só o peito da mãe, ao ver morrer a filha.

Nenhum comentário: