e daí que tudo me dói em dobro
e todo gozo dobra
perante o peso da alvorada.
daí que todo sol lacera mais a pele
e todo o sal
resseca a alma.
daí que não se tem mais nada
que não seja o papel
de seguir poeira afora
nas veias dos versos.
daí que a noite frígida
agita a calma
e posto em branco o ponto
tudo pode o negro
logro pouco da pena cansada.
e daí que resfestela
o meu ventre
ao ver a morte de frente
e a vida de costas.
daí que tudo mais
que não seja mais que dor
não me basta
não me consome como quero.
daí que sempre é nunca
nuca fria de perder o riso
e cada vez mais
se olhar no espelho
arranca do olho um cisco.
e eis ainda, que, daí
tudo posso
pois tudo fasso
com uma única falha
- a pena na mão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário