os versos que outrora tecia
são puros e agora lhe entrego
o poema de sangue rubro
e branco de paz eternecida.
na clareza santa da espera,
essa pútrida mansão dos sonhos,
me despedaço em tom macio
com o toque leve que teu olhar me dera.
não vejo mais, embriagado
em desatino, a distância
tão próxima desse meu horizonte,
que plácido deita-se - a oeste.
é com teu olho d'água
que na noite enxergo,
prevendo as madrugadas
a galgarem os montes.
é com teu olho fechado
que em sono profetizo
o som que há de romper
a aurora:
alma vazia a acorrer socorro.
mas seu esplendor divino
gozava calmaria leve.
calava-se o espírito
(por hora breve)
tão definitiva calmaria
inigualavelmente ardia
invejavelmente sonhava
em tal eternidade dormia
na vaguidão do destino
nunca outra aurora haveria
nunca mais a espera
nunca e sempre, tardia.
os versos que outrora tecia
agora - tão tarde - lhe entrego
na carta de sangue e espera
na noite que não me sorria.
--
pro Bruno
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