domingo, 17 de maio de 2009

das des-identidades

estou ingênuo, numa fase lunar de cataclísmica voltagem, em que o som do silêncio desperta a malícia absoluta e o desejo é ouro a afastar-se. nisso estou puro e perdido, e podre e malquisto. estou régio e estou frio. estou nu. estou eu.
mas não se engane. não sou assim. sou mais pesado e mais rarefeito. sou brisa oceânica em montanhas de Minas, que não resseca a si e nem rega a relva, que flutua, existe e conspira. sou puro suspense, e por trás do meu riso, há intenções de genocídio, de tortura, de sangue e de morte. sou corrupto e sofrível de níveis de verdade. sou pouco. sou oculto.
sou o negro opaco no olho brando, e meu tesouro é moinho de vento escondido em um inaudível abre-te, sésamo. sou trancado fora de mim, contra e pela minha vontade. sou deus em dobro e pela metade. sou raso e rasgo a pele e não sangro. sou santo e diabo. sou eu, esse vaso humano.

Um comentário:

c. tinôco disse...

também rasa, rasgo a pele.
mas sangro fundo.