segunda-feira, 2 de outubro de 2006

calmarias

atrás da porta
jaz meu amor perdido
no devaneio dos beijos teus.
onde andarás, meu amado,
se eu acaso agora beijo a tua sombra?
minh'alma que busca a tua
no horizonte celeste.
te perco, pois eis que esqueço
minhas asas embaixo
da escada divina.
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onde a sombra de Deus
se alonga, se esconde
e veste preto.
e a língua tirana
lambe fogo gelado
a minha boca
e as minhas pernas.

e o mundo debaixo da escada
vibra, geme, rola, morde.
tudo é pecado.
tudo é maravilha.
tudo é permitido.
tudo é carnaval.
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à sombra de Deus
Sua face virada
Sua face ferina
Seu lado tirano
Seus anseios mais negros
maior de todos os planos

humanos em jogo.
que mais lhe custaria:
a vida de um zigoto?
ou uma vasta putaria?
assim é a vida.

assim é o que é
que deus imaginava
quando pôs no mundo
a anta e a jia
pelados e burros
bípedes e bizarros animais.

enquanto dormimos,
deus dita o mundo
de baixo dos panos.
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*... poemas irmãos.
um criou o outro
o outro criou o um.

afinal,
de quê estou falando?
do poema?
ou não?

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