segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Pacífico

Desejo-lhe a desgraça mais pura,
A miséria e a doença em copo de cristal.
Desejo-lhe desavenças cruéis
Perdas de todas as espécies
E torturas sem fim em lâmina fria.
A solidão do caixão lacrado.

Desejo-lhe a calamidade, a catástrofe,
A ignorância abençoada dos sábios perenes.
Desejo-lhe estrume em prato de ouro,
A garganta aberta pra gritar,
Coberta suja de mortalha usada.

Desejo-lhe o calor do inferno
Afogado no fundo do desespero.
Desejo-lhe saudade alguma, e toda guerra.
O coração fraco e as veias entupidas de nojo.

Desejo-lhe queimado e agonizante
Espero-te mais seco e roto
As pernas quebradas e os braços tortos
O rosto disforme e a ossada indigente
Desejo teu corpo esquecido no quarto
Desejo-lhe o tiro a queima roupa
A agonia lenta e torpe
Desejo-te podre
Sete palmos abaixo
Dos meus pés

Maldito, mutilado, morto.
Perdido na alma e no corpo
As tripas saltando o ventre
O sangue jorrando dos pulsos
E meus punhos ao teu pescoço.

Nenhum comentário: